Você já parou para pensar em sua alimentação? Você consome produtos brasileiros? Consome produtos diversificados, saudáveis e nutritivos? Consome produtos cujos processos de produção não degradam a natureza?
Há algum tempo a alimentação do brasileiro vem mudando. Além de estarmos consumindo mais gordura e açúcar, na medida em que substituímos, cada vez mais, alimentos frescos por aqueles industrializados, o sistema de produção e distribuição de alimentos se desenvolveu ao redor de alguns poucos alimentos. Apesar de hoje estes estarem acessíveis em praticamente todo o mundo, aqueles alimentos que não estão incluídos nessa cadeia estão caindo em desuso e correndo o risco de desaparecer. São alimentos nutritivos, que não exigem muito esforço de produção por serem adaptados ao ecossistema onde ocorrem. Além disso, são alimentos que fazem parte da nossa cultura, sendo seu uso resultado de anos de convívio dos povos com a natureza e do desenvolvimento culinário. Dentre eles, podemos citar variedades crioulas - aquelas produzidas tradicionalmente pelos povos cultivadores ao longo de muitos anos - de alimentos mundialmente conhecidos, como o milho, a banana e o feijão; hortaliças tradicionais, que crescem espontaneamente em uma variedade de áreas, inclusive áreas urbanas, como a beldroega, caruru e vinagreira; frutas e outros alimentos provenientes de árvores nativas, como o jatobá e o pequi e; especiarias brasileiras, como a pimenta-de-macaco. Desconsiderar todos esses alimentos é perder um importante patrimônio genético e desperdiçar todo o conhecimento acumulado sobre seu plantio, extração, manejo e uso culinário. É desperdiçar a riqueza e a variedade que o nosso país tropical oferece. E, acima de tudo, é contribuir para a extinção de nossas matas e demais vegetações nativas, na medida em que estas precisam ser substituídas por monoculturas para produção em larga escala de alimentos muitas vezes exóticos que alimentarão animais e abastecerão os supermercados, cheios de veneno, necessários para manter este sistema produtivo, que contaminam nossas águas e solos.
Acreditamos que é preciso retomar alguns bons hábitos alimentares dos brasileiros, melhorando nossa saúde e despertando para uma forma de uso das plantas que contribui para sua preservação e para a preservação das culturas que as preservam. Pensando nisso, a Amanu criou o Grupo de Alimentos do Cerrado, que tem os seguintes objetivos: (a) pesquisar as plantas do cerrado e seus usos alimentícios; (b) elaborar produtos a partir dessas plantas; (c) divulgar a culinária regional e os debates acerca do assunto; (d) apoiar as atividades agroextrativistas de agricultores familiares.
A
principal proposta desse grupo é compartilhar e gerar conhecimentos sobre os
alimentos do cerrado. Participando, você socializa o que sabe e tem acesso a
novos conhecimentos. Todas as informações são enviadas à Amanu, à qual cabe
sistematizar e disponibilizar aos integrantes do Grupo.
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